WEB: uma grande cidade pequena
Quando decidi que escreveria sobre as bolhas da internet, achei que seria uma missão um pouco menos complexa…
Comecei minha pesquisa com foco total em fundamentar a minha ‘tese’ (louca) de que a internet é uma grande cidade pequena (porque eu realmente tenho a sensação que é), mas acabei percebendo que esse assunto é muito mais profundo, pelo menos sob minhas lentes de filósofa de mesa de bar.
Depois que a Flamma virou ON eu comecei a perceber que tinha uma galera falando de empreendedorismo feminino, anos luz na frente do que eu to começando a entender ainda. Mas o engraçado era que eu rodava, rodava e chegava sempre nas mesmas pessoas, basicamente. Isso me ativou um gatilho muito forte com a relação a minha própria experiência como nômade digital.
Mácomoassim?
Eu sou de Teresópolis, que é aqui região serrana (do ladin do Rio). Aqui, é aquele pique de cidade pequena, sabe? Depois, mudei pra Friburgo: mesmissíma coisa. Aí, resolvi morar um tempo no Rio. Depois de um tempo, comecei a perceber que mesmo o Rio sendo muito maior que Terê ou Friburgo, eu tava sempre encontrando com as mesmas pessoas, nos mesmos lugares (que eram os que eu gostava de ir). Ou seja: interesses parecidos sempre unem as mesmas pessoas. Na internet, a dinâmica não seria diferente.
Na web, isso só é possível pela invenção de um programador. O nome dessa invenção? A.l.g.o.r.í.t.i.m.o! Não pude deixar de pirar no fato de como uma ideia, de como um conjunto de regras e procedimento em números, podem mudar o comportamento, a cultura, a comunicação de pessoas e marcas de toda a sociedade global.
Quais são os impactos que isso traz pro nosso dia a dia? Pra nossa cultura? Pra forma como a gente vê esse novo mundo e, através dele, se perceber nova também?! Por um lado, acho bem interessante essa ferramenta de organizar e direcionar coisas que estão de acordo com seus gostos, mas isso também tem um efeito negativo. Vocês conseguem perceber?
Nem tudo são flores. Mas será que não mesmo?
Quando a gente só atrai o que está de acordo com o que a gente pensa, perdemos a capacidade de questionar, de apurar, de refletir, de ponderar. Assim como tudo na vida, sempre tem o outro lado. As bolhas que estamos inseridos nos influenciam das formas mais agressivas, mas também das mais sutis. O que me deixa um pouco mais confortável com essa ideia é que, pelo menos, somos nós que escolhemos quais são as bolhas que queremos fazer parte, certo?
É muito bom entender que um like ou um “seguir” é muito mais do que somente isso. Quando você segue alguém, você a convida para um espaço de convivência e de influência. A partir dessa perspectiva, qual é o perfil das pessoas que você costuma seguir? Você se cerca de pessoas que estão alinhadas com o que você também acredita?
Sempre vamos ter um imã pra chamar pra perto quem pensa como a gente. O que não dá é pra esquecer de que a vida (dentro e fora da internet) é muito muito muito maior do que só a sua galera, que as opiniões são muito mais profundas do que só direita ou esquerda e que existem muito mais opções que a gente ainda não descobriu. Claro que devemos nos cercar de pessoas que estão compatíveis com o que pensamos, mas lembrando sempre que o nosso lado da moeda, nunca é o único.
Esteja aberta.
Esteja consciente.
Com amor,
Mari.